Correios desembolsam R$ 220 milhões em nove meses para resolver déficit de R$ 7,6 bi em previdência.
Os Correios enfrentam um desafiador déficit de R$ 7,6 bilhões em seu fundo de pensão Postalis, forçando a estatal a desembolsar R$ 220 milhões em pagamentos. A crise é atribuída a investimentos ruins e fraudes, impactando diretrizes financeiras futuras e os benefícios de seus funcionários.
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O Rombo do Postalis e os Pagamentos dos Correios
Os Correios têm se deparado com uma situação financeira delicada devido à necessidade de preencher um vasto déficit em seu fundo de pensão, o Postalis. A estatal já desembolsou R$ 220 milhões para mitigar um rombo que, atualmente, soma R$ 7,6 bilhões. Este pagamento é parte de um acordo estabelecido entre a empresa e o fundo em 2020 e deve ser totalmente implementado até o final de 2023.
Como Funciona o Pagamento?
Os pagamentos são estruturados em parcelas mensais de aproximadamente R$ 30 milhões, prevendo um período de liquidação que se estende por 30 anos. A estatal destacou que esse compromisso financeiro deveria ter sido honrado em 2020, ano em que os Correios alcançaram um lucro recorde, impulsionado pelo aumento sem precedentes no volume de encomendas ocasionado pela pandemia de COVID-19.
"Ao não realizar o pagamento, o governo anterior pôde anunciar lucro, ao mesmo tempo em que jogou o problema para gestões futuras", informaram os Correios em nota oficial.
Déficit Total do Postalis
O déficit total do Postalis alcança R$ 15 bilhões, e a responsabilidade desse saldo negativo foi dividida entre patrocinadora (os Correios) e patrocinados (funcionários da estatal) em um acordo mediado pela Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar). É importante notar que os funcionários, aposentados e pensionistas sentirão o impacto dessa situação, com descontos aplicados nas suas aposentadorias e a extinção de alguns benefícios.
Causas do Rombo
As razões que culminaram na atual crise financeira do Postalis são variadas, mas entre as principais, distinguem-se os seguintes fatores:
- Investimentos Ruins: A gestão dos investimentos entre 2011 e 2016, durante a presidência de Dilma Rousseff, foi um dos principais responsáveis pelo imenso rombo, resultando em perdas que somam cerca de R$ 9 bilhões, ajustados pela inflação.
- Investigações de Fraude: Parcela significativa desses investimentos foi alvo da operação Greenfield, que investigou irregularidades em fundos de pensão.
Investimentos Controversos
Entre os investimentos que se revelaram deficitários, destacam-se:
- Títulos da dívida pública da Venezuela.
- Títulos da dívida da Argentina.
Estes títulos foram adquiridos através de um fundo que tinha como único cotista o Postalis, gerido pelo banco BNY Mellon. A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares) processou o BNY Mellon com o objetivo de recuperar parte dos valores perdidos, alegando uma cifra em torno de R$ 12 bilhões que o banco teria gerado aos participantes do fundo.
Investigação e Resultados
Este caso não somente atraiu a atenção da mídia, mas também foi objeto de investigação pela CPI dos Fundos de Pensão da Câmara dos Deputados. Durante os depoimentos, o presidente do BNY Mellon para a América Latina reconheceu a ocorrência de fraudes, atribuindo a responsabilidade a uma corretora contratada.
Ao final dessa investigação, o relatório da CPI apontou que não só os investimentos em ativos duvidosos contribuíram para a crise, como também a cobrança de taxas exorbitantes para a realização de operações com os recursos do Postalis.
Aspectos | Detalhes |
---|---|
Déficit no Postalis | R$ 15 bilhões |
Pagamentos já realizados | R$ 220 milhões |
Parcelas mensais | Aproximadamente R$ 30 milhões |
Duração do acordo | 30 anos |
Investimentos ruins | Títulos da dívida pública da Venezuela e Argentina |
Esses acontecimentos ressaltam a complexidade do sistema de previdência complementar e a importância da gestão adequada dos recursos para garantir a segurança financeira dos funcionários e aposentados.
FAQ Perguntas Frequentes
O que aconteceu com o fundo de pensão Postalis?
O fundo de pensão Postalis dos Correios enfrenta um déficit financeiro significativo que atualmente soma R$ 7,6 bilhões. Este rombo é resultado de investimentos ruins, além de fraudes investigadas, que culminaram em perdas bilionárias nos últimos anos.
Como os Correios estão lidando com o déficit do Postalis?
Os Correios estão realizando pagamentos mensais de aproximadamente R$ 30 milhões para quitar o rombo do Postalis, em um acordo que deve ser cumprido até o final de 2023. Esse pagamento foi estabelecido após a empresa ter um lucro recorde em 2020, ano em que as obrigações financeiras com o fundo deveriam ter sido honradas.
Quais foram as principais causas do rombo financeiro do Postalis?
As principais causas do rombo financeiro do Postalis incluem maus investimentos realizados entre 2011 e 2016, que resultaram em perdas de cerca de R$ 9 bilhões, e investigações de fraude, como a operação Greenfield, que revelou irregularidades em fundos de pensão.
Como o déficit do Postalis afeta os funcionários e aposentados dos Correios?
Os funcionários, aposentados e pensionistas dos Correios sentirão diretamente o impacto do déficit do Postalis, com a implementação de descontos nas aposentadorias e a extinção de certos benefícios que antes eram assegurados.
Quais investimentos foram considerados ruins e contribuíram para a crise do Postalis?
Entre os investimentos considerados ruins, destacam-se os títulos da dívida pública da Venezuela e da Argentina. Esses ativos foram adquiridos através de um fundo gerido pelo banco BNY Mellon, que teve sua gestão contestada pela Fentect, que busca recuperar parte das perdas estimadas em R$ 12 bilhões.
O que a CPI dos Fundos de Pensão apurou sobre a situação do Postalis?
A CPI dos Fundos de Pensão da Câmara dos Deputados investigou o caso e identificou que não apenas os investimentos em ativos duvidosos contribuíram para a crise, mas também a cobrança de taxas altas para a execução de operações com o dinheiro do Postalis.
Qual é o valor total do déficit do Postalis?
O déficit total do Postalis é de R$ 15 bilhões, com a responsabilidade desse saldo negativo sendo compartilhada entre a patrocinadora (os Correios) e os patrocinados (funcionários). O acordo mediado pela Previc foi fundamental para que a situação financeira do fundo fosse renegociada.
Autor: Joyce Dias Webneder
Data de Publicação: 21/08/2024